Este livro reproduz em fac-símile o livro de artista de Graça Pereira Coutinho apresentado na exposição A Outra Mão, com curadoria de Paulo Pires do Vale, realizada na fundação carmona e costa, em Lisboa, de 17 de Março a 2 de Maio de 2015. O domínio do escritor não está na mão que escreve, essa mão -doente- que nunca solta o lápis, que não pode soltá-lo, pois o que segura, não o segura realmente, o que segura pertence à sombra e ela própria é uma sombra. O domínio é sempre obra da outra mão, daquela que não escreve, capaz de …
Publicado por ocasião da exposição -Pedro Calapez - O segredo da sombra - Obras sobre papel 2012-2016-, realizada na Fundação Carmona e Costa, de 21 de Maio a 9 de Julho de 2016, com curadoria de João Miguel Fernandes Jorge. Tudo começa no rosto de outro. Mesmo na pintura e no desenho de Pedro Calapez [Lisboa, 1953]. Sobretudo, nesse risco de indiscrição que é o desenho. Não na proximidade de luz que possa trazer e guardar, mas na expressão verbal da sua sombra; esta, sim, é muito mais do que uma mímica, é uma voz que comanda a fragilidade do …
Se o divino designa o que perpetuamente dá vida, tal implica em pintura uma mimese do Sol. É que o Sol ù como Cézanne terá também lido no mesmo texto de Balzac ù é -esse divino pintor do universo-. O divino irradia-se materialmente do Sol: -Tudo, seres e coisas, não passa de uma maior ou menor quantidade de calor solar armazenado, organizado, uma recordação de sol, um pouco de fósforo que arde nas meninges do mundo.- O Sol existe morrendo (consumindo-se) a pintar (o universo). Mas o próprio Sol ù tal como a morte ù requer um mediador, um representante …
À primeira vista [os desenhos de Puig Rosado] parecem brotar de imagens do folclore. A leveza, o encantamento e a simplicidade das pessoas que habitam as suas paisagens fantásticas, o brilho das cores orientais, as sombras, tão ricas quanto a sumptuosidade de uma praça de toiros espanhola, aparentam fazer parte de uma desarmante e jubilosa tradição. Atraem-nos e aproximamo-nos. Demasiado tarde, apercebemo-nos de que caímos na suculenta armadilha de uma orquídea carnívora. As coisas não são o que parecem. Com um prazer arrepiante, apercebemo-nos de que somos vítimas indefesas da terceira dimensão de Fernando Puig Rosado, do seu sentido de …
Estas páginas demonstram bem o que sempre me fascinou e continua a fascinar nas imagens em movimento: o modo como pedem para ser analisadas e pensadas dentro do movimento que as anima. A primeira parte inclui análises a obras de cinema, de filmes isolados a grupos de filmes de cineastas. A segunda parte contém reflexões sobre ideias do cinema, não aquelas desenvolvidas pelos artistas, mas aquelas que emergem da história e prática do cinema e do pensamento que as tenta acompanhar. As duas partes conjugam-se, demonstrando as cisões e intersecções entre a análise fílmica e a reflexão teórica. A experiência …
A peça Os Belos Dias de Aranjuez marca o regresso em grande de Peter Handke à escrita teatral. Um homem e uma mulher num diálogo comovente e cúmplice sobre o amor, que deixa adivinhar uma intimidade de vários anos. A troca de recordações íntimas, a primeira vez. As banalidades, às vezes uma certa rudeza, do amor. Ou o que nele nos eleva e ilumina. E, como acontece sempre na escrita de Handke, à mistura com estas recordações, uma atenção singular ao mundo, à natureza, aos pequenos sinais quase imperceptíveis que são indissociáveis dos mistérios do amor. Escrita por Handke directamente …
Livro publicado por ocasião da exposição -Edição & Utopia ù Obra gráfica de Júlio Pomar-, apresentada no Atelier-Museu Júlio Pomar de 24 de Outubro de 2014 a 8 de Março de 2015. O que leva um artista a fazer edições e tiragens de múltiplos de uma mesma imagem? A exposição -Edição e Utopia - Obra gráfica de Júlio Pomar- procura levantar um conjunto de questões relacionadas com as práticas da gravura, da serigrafia e, lato sensu, das formas de reprodução de imagens. O que motiva, em diferentes momentos, o recurso a técnicas que permitem uma multiplicação de imagens? Com que …
Thierry Simões nasceu em Paris em 1968 e vive em Lisboa desde 1987. Estudou pintura na Ar.Co, onde é professor efectivo desde 2000. Sem data reúne os desenhos que teve em exposição na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, entre 22 de Junho e 21 de Setembro de 2013. -Quem desenha assim, procurando o desígnio puro das coisas, limita-se a ir até ao limiar do visível para aí receber o esquema de tal ou tal aparição. Ele, Thierry, chama a isso "o mistério". Ele diz que desenha para "absorver o mistério que está lá". Lá, nas coisas que pedem para …
Livro publicado por ocasião da exposição -Cécile Bertrand - 25 anos de desenhos-, da artista vencedora da 17.ª edição da Cartoon Xira'2015 e apresentada entre 12 de Março e 8 de Maio de 2016 no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira. Cécile nunca desenhou para ofender, nem para rir de outrem. Fê-lo para, simplesmente, rir e fazer rir. Limpa o ambiente de tensão, ao passo que a ironia o torna tenso. Não é de estranhar: a ironia desenvolve-se face a um adversário com um desígnio bem determinado, ao passo que, como observou Vladimir Jankélévitch, o humor não tem …
música, significação e sentido, o problema da expressão: inexpressionismo da música ù o falso dilema figurativo/abstracto, abstracção/realidade, na arte ù pintura, o visível e o invisível, o enigma da visibilidade ù das maçãs cézannianas aos ready-made ù o efeito-Duchamp e a anomia -pós-moderna- ù violência psicomecânica, violência figurativa e violência estética da imagem cinematográfica: os poderes do cinema ù a especificidade do cinema e a banalidade audiovisual ù a literatura, a arte do romance, e a sua vocação analítica da existencialidade humana ù pensamento, crítica e criação na época da cultura massmediática ù vitalismo de toda a arte: fender o …
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